– Ah, para com isso! Me deixa dar uma colherada em você, Denis! – pede Clóvis, a colher, já perdendo a paciência.
Franzindo a testa, Denis, o pudim, grita com Clóvis:
– Você está louco? Já te falei um milhão de vezes que não!
Chegando cada vez mais perto, a colher retruca:
– E eu ainda não entendi o por quê! Você não é um pudim? Eu não sou uma colher? Então eu tenho que te dar colheradas!
Arrastando-se para o lado para fugir da presença incômoda, Denis passa o dedo para ajeitar sua cobertura de caramelo e diz com ar superior:
– Tire o seu cavalinho da chuva… Eu sou uma estrela!
E fazendo biquinho, completa:
– Amanhã eu vou estar no programa da Ana Maria Braga! Vou aparecer na televisão e o mundo todo vai me ver!
Fazendo cara de desdém, Clóvis reclama:
– E vai tomar colherada do mesmo jeito…
Inchando o peito, Denis diz orgulhoso:
– Mas com certeza será uma colher finíssima de prata e não uma colher vagabunda de loja de “Um e Noventa e Nove” como você!
Abaixando os olhos visivelmente triste, Clóvis fala baixinho:
– Nossa… Você não precisava me humilhar desse jeito…
Denis nem liga. Dá as costas e sai resmungando:
– Onde já se viu eu deixar uma colher qualquer me tocar… Ainda mais de plástico! Ah, mas ninguém merece!
Na manhã seguinte sai, todo eufórico e nem olha para os lados.
– Ele está se achando o Gianecchini – cochicham pratos e copos.
Uma hora depois alguém grita:
– Liga a televisão! Está na hora do Mais Você!
A cozinha está toda reunida esperando o Louro José chamar o pudim.
O tempo passa, o programa termina e nada dele aparecer.
O zum zum zum* começa e todos ficam ansiosos para saber o que houve.
Bem mais tarde ficaram sabendo que o táxi onde Denis estava, teve que frear bruscamente e ele voou da caixa e se esborrachou todo no vidro.
– Não deu para aproveitar nada. A calda se espalhou por todos os lados – contou alguém.
– Eu imagino a meleca que ficou – comenta um pano de prato.
– Bem feito para ele! Era um chato de galochas** mesmo! – diz a dona Xícara.
– Não diga isso! Ele era chatinho, mas era nosso amigo! – reclama o pote de margarina.
– É uma pena, mas a vida continua – diz o bule, enquanto desliga a televisão e lembra todo mundo que daqui a pouco é hora do café da tarde.
Nisso ouvem a porta que se abre e todos correm para seus lugares, quietos para não chamar a atenção.

* zum zum zum: Boato, fofoca
** chato de galochas: diz-se quanto alguém é muito chato

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