Se tem uma brincadeira que meninos e meninas não se importam em estar juntos é a amarelinha.
Alguém de repente aparece com um pedaço de giz ou de carvão e risca o asfalto.
Céu e inferno nas extremidades e nove casas separando um do outro.
Conforme as crianças vão chegando, outras amarelinhas são desenhadas e tudo vira uma grande festa.
A brincadeira só acaba, quando já é impossível enxergar direito as linhas desenhadas.
Tudo sempre vai bem, até que os campeões da rua aparecerem.
Thábata e Beto. Uma menina e um menino.
Eles são, disparados, os melhores.
Dificilmente um deles ganha as disputas, dois dias seguidos.
Beto ganhou ontem e provoca Thábata, para tentar tirar sua concentração:
– Hoje eu vou te mostrar quem é o verdadeiro mestre da amarelinha!
As meninas, em volta, riem.
Thábata parece não se abalar e responde, calmamente:
– Então nós vamos ver.
As turmas gritam e torcem.
A menina ganha no par ou ímpar e começa jogando.
Vai acertando todas as jogadas até chegar no Céu, mas um pequeno deslize e pisa na linha.
A vez agora é de Beto, que vai jogando rapidamente e entra no céu junto com a adversária.
Confiante, ele vai retornando, mas joga a pedra com muita força e perde a vez.
Thábata sabe que tem que ser cuidadosa e vai passando pelas casas, até ultrapassar o menino e por fim chega ao ponto inicial e vence a disputa.
Com um sorrisinho irônico, provoca:
– Não foi dessa vez! Melhor sorte para você, amanhã! – e assim, com as meninas atrás, gritando, vai indo embora para casa:
– É campeã!
Amanhã tem mais e Beto não vai embora. Ele vai treinar muito, para amanhã tentar ganhar da menina.
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