Mal o filme começa e Penélope já está agarrada ao irmão.
– Você está me sufocando, Pê! – reclama o menino.
– O problema é seu! Foi você que pediu para que eu assistisse esse filme horroroso com você!
Indignado, o irmão dispara:
– Não é um filme horroroso! É o Família Monstros 14, um clássico!
– Não quero nem saber! Você estava com medinho de assistir sozinho e praticamente me obrigou a assistir com você! – retruca a irmã.
– Medo, eu? – gagueja o menino.
A irmã não tem tempo de responder, pois logo no início do filme já aparece um fantasma voando pela sala. Ela leva um susto e grita ardido, daquele jeito que só as meninas conseguem.
Celso, colocando a mão no peito também grita:
– Você está ficando louca? Quer me matar do coração?
Agora estão os dois, coladinhos e tremendo de medo.
E antes que pudessem levar outro susto, a irmã propõe pausar o filme enquanto ela faz pipocas.
Num pulo o menino acende a luz da sala e ambos respiram aliviados.
– Vou lá para a cozinha… Não quer vir tomar água? – convida a irmã com medo.
Não querendo ficar ali sozinho, o menino aceita.
Alguns minutos e as pipocas estão prontas.
– Então, vamos voltar a assistir? – pergunta o menino.
A irmã acena positivamente com a cabeça e os dois sentam-se com o pote no colo.
O filme volta e os sustos também.
Os irmãos estão agarrados e apavorados, mas não tiram os olhos da tv.
De repente a porta da sala da casa se abre, rangendo forte.
Os dois olham para trás e veem um vulto contra a luz.
A menina grita. O menino grita.
Os dois atiram o pote de pipocas para o alto e saem correndo como loucos para o quarto.
A luz se acende e ufa! É só a dona Marilza, mãe dos meninos, que está de volta do mercado.
Ela leva alguns minutos para convencer os filhos de que não é um monstro ou fantasma e fazer com que abram a porta do quarto.
Aí os dois levam uma bronca por assistir um filme para adultos e são colocados de castigo.
– O pior não vai ser o castigo e sim conseguir esquecer desse filme até a hora de dormir! – choraminga Celso com os olhos arregalados.
– Você eu não sei! Mas eu vou dormir com o papai! – diz a menina.
– Eu também vou! – grita o irmão, correndo atrás da irmã.
Parece que a família toda vai se espremer em uma cama só essa noite.
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