Primeiro dia de aula para as irmãs Nathália e Thatyana, que entram juntas na sala, arrancando olhares curiosos e espantados dos outros alunos.
Gilson não consegue esconder a surpresa e fica de boca aberta.
– Aquele ali com certeza nunca viu gêmeas – sussurra Naty para a irmã.
A professora ainda não chegou e nesse meio tempo ninguém consegue tirar os olhos das meninas, que parecem não se preocupar com isso.
– Elas são iguaizinhas – diz Augusto.
– Dã! Claro, são gêmeas! Queria que fossem diferentes? Seu bobão… – brinca Bárbara.
– Na verdade gêmeos podem ser diferentes, sim! – diz a professora entrando na classe e pegando todo mundo de surpresa.
E colocando alguns livros sobre a mesa, continua:
– Mas isso é assunto para outro dia. Abram a apostila na página 118. Hoje vamos falar sobre “A Localização Relativa”.
– Aff! Onde já se viu isso: gêmeos diferentes! Essa professora está viajando na maionese*… – reclama Diego.
É óbvio que ninguém prestou muita atenção à aula e que todos estavam esperando a hora do intervalo para poder falar com as novas alunas.
Mal o sinal toca e os meninos mais assanhadinhos levantam-se para conversar com elas.
De longe, Edu e Carlos ficavam admirando as meninas.
– Cara, eu fico com a da esquerda e você com a da direita – diz Carlos.
Ele acaba a frase e as meninas trocam de lugar, fazendo com que Edu caia na gargalhada.
– E agora, qual delas é a sua preferida?
Desnecessário dizer que o assédio às duas durou a manhã toda.
No dia seguinte a turma teve uma grande surpresa quando as irmãs chegaram.
– O que aconteceu? – pergunta Augusto.
– Por que vocês fizeram isso? – reclama Afonso.
Gilson ainda está de boca aberta.
– Esse menino é meio estranho – comenta baixinho Naty.
Elas vão para seus lugares e o pessoal se aglomera em volta delas.
– Por que você estão vestindo roupas diferentes hoje?
– Por que você cortou o cabelo?
As perguntas deixam as meninas tontas e como a professora chega, as respostas só poderão ser dadas no intervalo.
– Não me conformo! Espalhei para todo mundo que tinham gêmeas na minha sala… Agora elas estão diferentes! Isso é revoltante! – reclama Patrick.
Hora do recreio e as meninas explicam o motivo das mudanças.
– Nossa mãe acha que já estamos grandinhas e que era hora de cada uma se vestir e usar o cabelo como quisesse – justifica Thaty.
– Mas justo agora? Não podia ser no ano que vem? – choraminga Patrick.
Os amigos riem dele, que faz bico e senta-se inconformado.
– Se eu tivesse uma irmã gêmea, mandava ela estudar e fazer as provas para mim – diz Manuela.
– Uma vez eu fingi que tinha uma irmã gêmea, só para namorar dois meninos de um vez – confidencia Paty, arrancando olhares surpresos de todos.
Os dias vão passando e a turma vai percebendo que a única semelhança entre as irmãs, é física. Os gostos, temperamentos e maneira de pensar, são bem diferentes.
Uma parte da sala se identificou mais com Naty e a outra com Thaty.
Gilson ainda não fechou a boca e Patrick continua resmungando.
* viajando na maionese: delirando, falando besteira.
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