A família de Tanaka, um garoto de dezesseis anos, mudou-se a menos de um mês do Japão para o Brasil.
Já não bastassem as barreiras do idioma e da cultura, ele tem que conviver com o preconceito e com o descaso de alguns colegas da nova escola.
Ele vivia triste pelos cantos, até que conheceu Almir, garoto tímido e também deixado de lado por ser negro e pobre.
– Santo Google Tradutor! – agradece Almir, que não larga o celular quando está com o amigo.
É claro que com o passar do tempo eles vão se conhecendo e um simples olhar ou gesto já diz tudo.
Não que eles sejam nerds, mas o passeio preferido dos dois é a biblioteca da cidade.
São milhares de livros, alguns muito raros, que só podem ser vistos através de um vidro, como em um museu.
Para facilitar, vamos traduzir as conversas dos dois amigos, pois acreditamos que a maioria de nós não seja fluente em japonês, certo?
Com os celulares nas mãos, eles caminham pelos corredores da biblioteca.
– Olha só esse livro sobre futebol, Tanaka! “O Negro no Futebol Brasileiro“, de um tal Mario Filho… Engraçado, nunca ouvi falar dele… Depois vou pesquisar a respeito! – diz Almir, animado.
O amigo olha a capa, sorri e acena com um joinha.
– Que legal! Agora achei um que fala sobre você! – brinca Almir.
– Sobre mim? – pergunta o amigo, curioso.
Fazendo cara de que deu uma mancada, Almir responde:
– Esquece… Me confundi… É um livro sobre os jogadores japoneses que jogaram no Brasil, chamado “Tem japonês no futebol“, do Gilberto Lobato.
E rindo completa:
– Não pode ser você, porque você é muito ruim de bola!
Irritado, Tanaka retruca:
– Até parece! Faço mais embaixadinhas do que você, seu perna de pau*!
Shhhiu! – a bibliotecária pede silêncio com o dedo indicador na frente da boca.
Fazendo careta, os meninos se desculpam e seguem olhando os livros, até que chegam em uma prateleira repleta de livros sobre o cinema mundial.
– Tive uma ideia – sussurra Tanaka, puxando o amigo.
– Que tal irmos ao cinema hoje? Está passando Pets! – completa, todo animado.
A ideia foi tão boa, que menos de meia hora depois os dois já estavam na fila para comprar os ingressos.
Sentados e bem abastecidos com pipocas, os amigos aguardam o início do filme, que não tarda a começar.
Não demora muito e os dois já estão rindo.
Almir olha para Tanaka e ri mais ainda.
– Você não abre a boca para rir! É muito engraçado!
Com lágrimas caindo dos olhos, de tanto que ri, Tanaka não deixa barato:
– E você abre tanto a boca, que parece que vai me engolir!
As pessoas em volta estão achando o filme engraçado, mas não ao ponto de se desmanchar em gargalhadas como os amigos, mas não tem jeito de não se contagiar com tanta alegria.
Tanaka agora se sacode todo e esparrama pipocas pelo chão, fazendo com que o amigo quase engasgue.
– Olha o que você fez, seu desajeitado! Sujou todo o chão! – reclama Almir.
Mais que depressa, os dois se abaixam para limpar a bagunça e um acerta a cabeça do outro sem querer.
Ai! – gritam ao mesmo tempo.
Acho que vou deixar os dois rindo e mudar de lugar. Vou lá para frente… Se bem que ficar olhando esses dois bobalhões é uma diversão.

* perna de pau: que não sabe jogar bola.

ATENÇÃO: você está acessando nosso site usando um celular ou tablet, por esse motivo não consegue ver os nossos Dedoches!
Cada estória vem com um par de dedoches para você imprimir, recortar e fazer com que a brincadeira seja muito mais divertida!
Acesse agora através de um computador ou notebook para conhecer os Dedoches!

Ei, que tal tornar a estória mais interessante, imprimindo e usando os nossos dedoches?

 

Ícone Dedoche
Ícone Imprimir Dedoches
Ícone Dedoche