O quarto da irmã sempre foi território proibido para Isadora.
Com cinco anos de idade ela lembra de ter entrado ali apenas duas vezes.
Estela tem 11 anos e não quer a menina xeretando em suas coisas.
A curiosidade é tanta que Isadora costuma ficar à espreita, esperando que a porta do quarto se abra, para que ela finja que está apenas passando e possa olhar para dentro, mesmo que por uns instantes.
– Ela tranca a porta do quarto? – pergunta uma amiguinha no playground.
– Não. Nenhuma porta em casa fica trancada, só a da sala – responde Isa.
– Ué, então quando ela estiver na escola, basta você ir lá olhar – diz a amiga.
A menina, olhando séria retruca:
– Claro que não! Isso seria invasão de privas, primas, privax… Ah, não lembro a palavra. Não seria certo. Minha irmã confia em mim e não posso mexer nas coisas dela sem que ela permita – diz a menina, tentando lembrar a palavra “privacidade”.
A mãe, sentada aproveitando o sol da manhã, sorri feliz e orgulhosa da filha.
– Nossa, agora você me deixou curiosa… O que será que a sua irmã tem no quarto dela?
Fazendo cara de mistério, nossa amiguinha sussurra:
– Não sei… Mas que deve ter muita coisa legal lá, ah isso tem…
E assim elas ficam conversando por um bom tempo, imaginando os segredos do quarto de Estela.
Hora do almoço. Nossa amiguinha já comeu e a irmã ainda não chegou da escola.
– Vou fazer naninha mamãe – diz com carinha de sono.
– Vá sim filhinha e feche a cortina para dormir mais tranquila.
Ao passar pela porta do quarto da irmã, Isadora fica tentada a entrar. Até chega a colocar a mão na maçaneta, mas recua e vai para o seu quarto.
– Isa… Isa…
A menina ouve uma voz ao longe lhe chamar, mas está tão cansada, que apenas vira para o lado e continua dormindo.
Algum tempo depois ela se vira na cama, espreguiça e levanta. Coloca os chinelos e vai até a cozinha.
– Oi amor! Descansou bastante? – pergunta a mãe, carinhosa.
– Hum hum! – responde ainda sonolenta.
– Quer comer um pãozinho e tomar um leitinho?
– Quero sim – responde esfregando os olhos.
– Ah, a Estelinha está querendo falar com você… Ela até foi te chamar, mas como você não acordava, pediu para você ir no quarto dela depois.
Isa arregala os olhos e fica tentando imaginar o que a irmã pode querer com ela.
– Ai, será que ela descobriu que eu tentei entrar no quarto dela? – pensa, já ficando nervosa.
– Você sabe o que ela quer comigo, mamãe?
A mãe, fingindo não saber de nada:
– Acho que ela quer te mostrar alguma coisa…
Na verdade a mãe tinha contado para a filha o desejo da irmã em poder ver e frequentar o quarto dela.
– Ela fica fantasiando… – disse para Estela.
Parada na porta do quarto com a mão levantada, pronta para bater, a menina hesita.
Quando ia dar meia volta, a porta se abre.
– Oi Isa, entra! Quero te mostrar algo…
Ela mal podia acreditar que ia entrar.
Arrastando o Fofucho, seu boneco preferido, ela olha para tudo e acha lindo.
– Que pôster bacana! Olha quantas fotos coladas na parede! Tem foto minha também! Ela deixa todas as bonecas na cama! – pensa enquanto vai entrando.
– Senta aqui… Eu queria te mostrar um vídeo que nós fizemos lá na escola – diz a irmã.
No vídeo, ela e os amigos fazem imitações de artistas famosos, que arrancam gargalhadas da menina.
E quando a conversa está boa, uma coisa puxa a outra e elas acabam ficando juntas até a mãe chamar para o jantar.
Antes de saírem, Estela pega na mão da irmãzinha e diz:
– Quando você quiser falar comigo é só me chamar, está bem?
– Legal! – responde Isa, sorridente.
– Vamos comer? Conversar me deu uma fome… – propõe Estela.
– Demorou maninha, eu estou varada* de fome! – responde Isadora, já correndo para a cozinha.
* varada : Com muito desejo de algo. No caso, ela está, varada de fome, ou com muita fome.
ATENÇÃO: você está acessando nosso site usando um celular ou tablet, por esse motivo não consegue ver os nossos Dedoches!
Cada estória vem com um par de dedoches para você imprimir, recortar e fazer com que a brincadeira seja muito mais divertida!
Acesse agora através de um computador ou notebook para conhecer os Dedoches!
