Maria Alice respira fundo, olha para o corredor imenso e começa a caminhar, com o travesseiro debaixo do braço e arrastando Tom, seu gato de pelúcia.
Os passos são tímidos e até receosos.
– Do que você tem medo? – pergunta Pedro, seu irmão.
Com uma carinha de quem quer desistir, ela fala baixinho:
– Do Bicho Papão!
O irmão sorri, pega sua mão e a tranquiliza:
– Não se preocupe! Eu protejo você!
A menina completou quatro anos e os pais acham que já é hora dela sair do quarto deles.
– Você já é uma mocinha, precisa de um lugarzinho seu – diz a mãe para incentivá-la.
– Mas o quarto é do Pedro – argumenta nossa amiguinha.
– O quarto agora vai ser dos dois. Cada um vai ter o seu espaço – justifica a mãe.
Fazendo bico e esboçando choro, Maria Alice tenta:
– Você e o papai não gostam mais de mim? Vocês querem me abandonar? Nunca mais eu vou te ver?
– Ah, filhinha! Vai fazer drama? Você nunca foi disso…
Enxugando uma lágrima que escorre forçada, ela continua tentando:
– Mas, por que precisa ser hoje? E justo à noite? – diz, movimentando os braços.
A mãe só olha e fica se perguntando onde a filha aprendeu a argumentar assim.
– Nós podemos fazer essa mudança aos poucos – diz a menina, andando de um lado para o outro, com as mãos para trás.
– Na semana que vem eu posso tirar o meu cochilo da tarde no quarto do Pedrinho, enquanto ele faz a lição da escola! É isso! – diz, como se tivesse achado a solução.
E numa tentativa de ganhar tempo, pega o travesseiro e se joga na cama dos pais.
Dona Elisa acha graça, mas fica inflexível.
– Nada disso mocinha! Não fique enrolando, porque já é tarde!
De mãos dadas com o irmão, lá vai ela. Até parece um condenado indo cumprir sua sentença.
Alguns passos mais e param defronte a porta, que Pedro abre rapidamente.
– Seja bem-vinda, maninha! Vai ser muito legal dividir o quarto com você! – fala o irmão, carinhoso.
Até parece que é a primeira vez que ela entra ali. O andar é lento. Os olhos vasculham todo o quarto, tristes.
A porta se fecha e a mãe, que estava escondida espiando tudo, corre para detrás da porta para tentar ouvir, em vão, o que acontece lá dentro.
A cama nova de Maria Alice foi colocada bem de frente para o televisor. Os lençóis tem vários tons de rosa e algumas princesas da Disney estampadas. Ao pé da cama uma pantufa novinha e bem peluda. Na parede uma luminária noturna da Cinderela e numa prateleira branca, todos os seus brinquedos.
Sentada com Tom no colo, nossa amiguinha balança as pernas e demonstra que não está à vontade.
– O controle remoto da tv está na sua cama. Só não deixe o volume muito alto, pois eu vou ler um pouco – diz o irmão.
Sem opção, a menina ajeita o travesseiro e logo está rindo com seu desenho preferido.
Não demora muito e a mãe entra, com dois copos de leite e algumas bolachas.
– Quem quer fazer um lanchinho?
– Eu! – gritam os irmãos, juntos.
Colocando a bandeja sobre a mesa de estudos, a mãe lembra:
– Depois… – mas não consegue terminar a frase, pois os filhos completam antes dela:
– Escovar os dentes! – e riem.
Fazendo cara de surpresa, a senhora pergunta:
– Eu sou tão previsível assim?
Maria Alice está com a boca cheia de bolachas e só faz gestos, mas Pedro confirma:
– Você fala a mesma coisa tantas vezes, que nós até sabemos de cor…
A menina toma um gole de leite e pede:
– Mamãe, conta uma estorinha para eu dormir?
– Depois de escovar os dentinhos? – pergunta a mãe, fazendo careta.
– Não esqueça o fio dental, Pedro! – grita enquanto os dois saem correndo para o banheiro.
Agora os irmãos recostam suas cabeças no colo da mãe, que mal consegue contar uma estória e os dois já estão roncando.
Sem fazer barulho, a mãe sai do quarto e antes de fechar a porta, deseja:
– Tenham uma boa noite, meus amores!
Virando para o lado, Maria Alice murmura:
– Boa noite, mamãe!

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