De repente a criançada fica quieta.
Todos levantam suas cabeças, como os lêmures, para tentar ouvir mais longe.
Alguns segundos e vem a certeza:
– O sorveteiro! – gritam juntas.
A porta ficou pequena, por que todos querem passar ao mesmo tempo.
As crianças da rua toda já estão na calçada, ansiosas.
O som começa a ficar cada vez mais alto e virando a esquina, lá vem ele: o caminhão do sorvete!
Juvenal, o sorveteiro é festejado como se fosse um astro do rock. Meninos e meninas gritam sem parar e ninguém entende nada, a não ser o sorveteiro, que vai decifrando os gritos e entregando os sorvetes nos sabores pedidos.
Mal termina de atender o último e os primeiros já estão querendo o repeteco.
O barulho das moedas sendo atiradas no pote de metal, marca o ritmo da balbúrdia.
Ah, pensa que o sorveteiro liga ou está estressado com a confusão em volta do seu caminhão? Muito pelo contrário! Ele participa ativamente e até incentiva a gritaria! Mas não pense que é pelo dinheiro!
– Se eu quisesse só faturar, deixaria o meu caminhão parado na praça principal, no centro da cidade – diz aos amigos.
Próximo está Raul, que apenas observa.
Tão logo o dinheiro acaba ou a garotada fica satisfeita, se isso é possível, o menino se aproxima e cumprimenta o sorveteiro:
– Boa tarde Juvenal!
– E aí Raulzinho, o meu cliente mais exigente, tudo bem? Alguma dica nova para mim, hoje?
Balançando positivamente a cabeça e entortando um pouco a boca, como quem vai fazer uma crítica, dispara:
– Você perde muito tempo parado, atendendo. Se você entregasse os pedidos mais rápido, já poderia estar em outro lugar, vendendo mais.
Juvenal faz-se de desentendido e pergunta:
– Sério? E o que você me recomenda?
O menino anda para lá e para cá e para, olhando bem para o sorveteiro:
– A solução é óbvia! Você precisa de um ajudante!
O sorveteiro tira o chapéu, coça a cabeça enquanto finge que pensa:
– Nossa, nunca tinha pensado nisso… Mas conseguir um ajudante que queira trabalhar pelo valor que eu posso pagar, vai ser difícil – diz, colocando de volta o chapéu e passando um pano pelo balcão, todo respingado de sorvete.
Raul respira fundo, consente com a cabeça, murmura algumas palavras e diz:
– Juvenal, meu querido! Eu estou quase aceitando ser o seu ajudante… Não posso deixar de te dar uma mão, nesse momento em que você precisa fazer o seu negócio crescer!
O sorveteiro segurando-se para não rir:
– Puxa vida! Obrigado Raulzinho! Mas infelizmente isso não será possível… Você só tem 9 anos! Com essa idade, você tem que se dedicar integralmente aos estudos. Só à partir dos quatorze anos é que você pode ser estagiário e trabalhar, só depois dos dezesseis.
Visivelmente frustrado, o garoto arremata:
– Mas não vamos pensar como um trabalho então. Seria apenas uma ajudinha…
– Olha Raul, eu sei que o seu sonho é ser sorveteiro como eu, mas nesse momento você tem que estudar – diz, já preparando-se para ir embora e completa:
– Mas vamos fazer assim: quando você for maior, já tiver estudado, estiver trabalhando e com um dinheirinho guardado, eu vendo o meu caminhão para você, o que acha?
Raul dá um pulo, arregala os olhos e quase não se contém de tanto entusiasmo:
– Uau! Isso vai ser irado! – diz, enquanto pega o sorvete oferecido pelo amigo.
E lá se vai Juvenal, o sorveteiro, atender aos clientes da rua de baixo.

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