– Essa menina parece um menino! – reclama a diretora da escola.
Ante os olhares tranquilos dos pais, a velha senhora continua:
– Ontem ela resolveu entrar na sala de aulas, escalando a parede pelo lado de fora! – informa horrorizada.
E como os pais não esboçam nenhuma surpresa, completa:
– Na semana passada nós a pegamos andando de um lado para o outro do muro, equilibrando-se na pontas dos pés e os amigos embaixo, gritando como loucos!
Inconformada com a falta de reação dos pais, a diretora esbraveja:
– Os senhores ouviram tudo o que eu disse?
O pai faz força para segurar o riso e a mãe, parecendo sair do transe, responde rápida:
– Sim, claro! Ouvimos perfeitamente! – e tentando justificar:
– É que Olívia sempre foi assim… Ela não tem medo de nada e sempre faz as coisas do jeito dela.
Abrindo os braços e arregalando os olhos, a senhora repreende:
– Mas não pode ser assim! Onde nós estamos? Vocês como pais tem que orientar e dar limites para essa menina! Imagine se ela cai e se machuca!
Os pais se olham e concordam que a filha tem exagerado.
Do lado de fora está a menina, de ouvidos colados na porta tentando ouvir o que dizem dela.
– Pois sim… Até parece que eu vou cair… – pensa ela, fazendo careta.
Percebendo que a reunião acabou, ela corre, senta e fica fazendo cara de boa menina.
– Você está liberada por hoje, Olívia! É melhor que vá embora com seus pais! – diz a diretora.
Yes! – pensa a menina, sem deixar transparecer o seu contentamento.
No carro, de volta para casa, Olívia percebe que os pais não estão querendo conversar e parecem preocupados.
Logo depois do almoço, a mãe olha para o pai e faz sinal para que ele inicie a conversa que combinaram.
– Filha… – começa sério, de um jeito que ela nunca viu.
– Eu e sua mãe… Bem… Nós conversamos…
Ahh! – corta a mãe, agoniada com a lerdeza do marido.
– É o seguinte Olívia Regina Silva!
Vixi! Falou o meu nome completo! Aí vem bomba! – arrepia-se a menina.
– Nós gostamos que você não tenha medo de nada, mas você está passando dos limites! – diz a mãe, muito brava.
– Andar em cima de um muro? Entrar na sala de aula escalando a parede pelo lado de fora? – continua, colocando as mãos na cabeça.
– O que vai ser amanhã? Você vai inventar de ir para a aula, pulando de telhado em telhado? – completa, mais brava ainda.
Por um momento o pensamento de Olívia desvia-se da conversa.
– Como eu nunca pensei nisso antes? Andar pelos telhados vai ser irado! – pensa.
– Você está me ouvindo? – grita a mãe, com o rosto vermelho, visivelmente irritada.
Assustada, a menina balança a cabeça confirmando.
– Nós não queremos que você se machuque, só isso filhinha! – diz o pai carinhoso, olhando para a mãe, que está quase comendo o pano de prato.
Esperta e querendo se livrar logo da conversa, Olívia diz, com ar de arrependimento:
– Eu nunca pensei que pudesse me machucar… Me desculpem…
O pai dá-se por satisfeito, mas a mãe, que não é boba, olha desconfiada para a filha, que pede licença e vai para o seu quarto.
– Tá bom… Eles que fiquem pensando que Olívia, a destemida, vai parar com medinho de se machucar… – pensa, sorrindo ironicamente.
No dia seguinte ela é um exemplo na escola e não apronta nenhuma peraltice.
No outro dia usa a mesma tática e aos poucos a vigilância sobre ela vai ficando menor.
Chega a sexta-feira e a menina, à boca pequena*, convida a criançada toda para ver o que ela está chamando de “O show do século!“.
Mal começa o recreio e uma multidão se aglomera em volta dela, que promete em alto e bom som, que vai atravessar o pátio da escola, de um lado para o outro, sem colocar os pés no chão.
As crianças se olham e perguntam como ela irá fazer isso.
– Por cima é claro! – diz a menina, apontando para uma cobertura com velhas telhas de plástico.
Óóó! – sussurram as crianças.
E lá vai ela, rápida, escalando até chegar no alto do estreito telhado.
Os amiguinhos prendem a respiração e quando Olívia começa a caminhar em direção ao outro lado, perde o equilíbrio e cai.
A gritaria atrai a atenção dos inspetores que chegam rápido.
Não vamos entrar em detalhes, mas o resultado dessa brincadeira sem graça da menina e sua desobediência é um braço quebrado e pelo menos um mês de castigo, sem tv e outras mordomias.

* à boca pequena: em segredo.

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