Você já deve ter ouvido a frase “eles são como a corda e a caçamba“. Isso quer dizer que andam sempre juntos. Onde um vai, o outro vai atrás.
Pois bem, Olívia e Olavo são assim.
Não bastasse o fato de serem irmãos e gêmeos, eles ainda tem muita afinidade.
Quase sempre um completa a frase do outro. É muito engraçado e parece combinado, mas não é.
Os dois gostam de esportes, mas o basquete é o preferido.
Só nos ídolos eles não concordam.
– Lebron James é o melhor – afirma Olavo.
– Hahaha! O Shaquille O’Neal coloca ele no bolso e continua jogando – retruca Olívia.
O pai, já sabendo que vai incendiar mais a discussão, grita lá da sala:
– Vocês não sabem de nada… o Michael Jordan é o rei!
Pronto! Agora estão os três comparando os feitos dos seus ídolos.
Da cozinha a mãe só observa e ri para o marido, que parece criança desdenhando os ídolos dos filhos, óbvio que só para perturbá-los.
De repente alguém bate desesperadamente à porta e interrompe o três.
É Catarina, a vizinha, que entra correndo e liga o televisor sem falar nada com ninguém.
– O que? – tenta perguntar Olívia, mas a menina a interrompe.
– Psiu!
Nisso a mãe já está na sala, em silêncio e curiosa como os outros.
A reportagem está quase no fim, mas eles entendem que o centro social da região deles vai iniciar um trabalho de inclusão para crianças com deficiências físicas e uma das atividades serão as aulas de basquete.
Olívia tem problemas de locomoção desde que nasceu e usa uma cadeira de rodas.
Catarina olha para a amiga, que está com os olhos arregalados e um sorriso enorme se formando em seu rosto.
– É a oportunidade que você queria! – diz entusiasmada.
Nossa amiguinha tenta falar, mas é interrompida pelo irmão que fala de forma ríspida:
– Você está louca Catarina? A Olívia é muito frágil e pode se machucar!
Nesse momento a menina vira e pergunta brava:
– Quem é frágil? Quem disse que vou me machucar?
Ih, pintou um climão…
– É perigoso… – gagueja Olavo.
Olívia vira-se e vai embora para o quarto com a amiga atrás, enquanto Olavo fica parado, envergonhado e ao mesmo tempo preocupado com o desejo da irmã.
Naquela noite eles não se viram mais, pois ela foi dormir no quarto dos pais. Foi a primeira vez que passaram tanto tempo longe um do outro, porque até na escola eles não se desgrudam, por estarem na mesma classe.
Pela manhã durante o café, Olavo arrisca um pedido de desculpas, que logo é aceito pela irmã.
– Eu fiquei imaginando você caindo e se machucando…
– E daí, qual seria o problema? Você não vive caindo e se machucando? Por que eu também não posso? Só porque sou cadeirante?
O menino, que sempre tem resposta para tudo, não sabe o que dizer.
Sem olhar para ele, Olívia confessa:
– Toda vez que eu vou te assistir jogar na escola, fico com uma invejinha… Mas não é por mal! É que eu sempre desejei entrar em quadra e jogar valendo, não de brincadeira apenas…
Olavo, que sempre fez de tudo para proteger a irmã, começou a entender as suas necessidades e pegando em suas mãos, convidou:
– Então vamos fazer assim: hoje depois da escola nós vamos direto pegar mais informações sobre essas aulas de basquete, ok?
Com um sorriso no rosto a irmã agradece e eles se abraçam felizes!
Algumas semanas se passaram e o primeiro jogo de verdade de Olívia vai acontecer, mas isso é assunto para um outro dia!
* caçamba : Balde para tirar água do poço
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