Passeando de avião pela primeira vez
– Senhores passageiros com destino a Florianópolis, embarque imediato pelo portão três – diz a voz no aeroporto.
– É o nosso, vovô? – pergunta Ricardinho, ansioso.
– É sim! Vamos lá?
Essa é a primeira vez que os dois viajam de avião.
Ao entrarem na passarela que leva à aeronave, o menino aperta forte a mão do avô, que não fala nada pois está com o coração acelerado de tanto nervoso,
Na porta a aeromoça sorrindo, dá as boas-vindas, olha os bilhetes e os orienta quanto à posição dos seus assentos.
Mal sentam e o senhor afivela o cinto, fecha os olhos e enquanto o suor desce pelo seu rosto, murmura uma oração.
Ricardinho está achando a janela muito pequena e reclama que não vai conseguir ver nada por ali.
Aos poucos as pessoas vão tomando os seus lugares e o avião começa a andar em direção à pista.
Mesmo com medo, o menino não gosta de ter que ficar sentado.
– Assim eu não vejo lá fora!
A aeromoça, de passagem, tranquiliza nosso amiguinho:
– Daqui a pouco você pode tirar o cinto e olhar pela janela.
Quando o avião começa a acelerar, os dois se agarram e riem, nervosos.
Os corações quase saem pelas suas bocas durante a decolagem, mas a sensação logo desaparece.
Ricardinho, com sua cara grudada na janela, vai narrando tudo para o avô, que permanece imóvel e não cogita a possibilidade de olhar para o lado.
– Vovô, olha quantas casas!
– Nossa, vem ver! Tem um rio aqui embaixo!
E assim vai se passando a viagem.
Na chegada, a filha espera o pai e o sobrinho.
Mesmo antes dos cumprimentos, o senhor já vai avisando:
– Na volta nós vamos de ônibus!
E pisando forte para sentir o chão, completa:
– Quem voa são os passarinhos.
A filha e o neto se olham e riem baixinho, enquanto, abraçados, vão caminhando até um táxi.
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