Maristela sempre ouviu a mãe dizer quando, mesmo com sol, começava a chover:
– Sol e chuva, casamento de viúva!
Se sua tia estivesse junto então, ela completava:
– Chuva e sol, casamento de espanhol!
A menina achava engraçado, mas não entendia o que essas frases queriam dizer.
– Será que toda vez que chove e faz sol, uma viúva casa com um espanhol? – se perguntava.
Os amiguinhos também tinham essa curiosidade, mas nunca ninguém perguntou aos pais se era verdade.
Maior era a vontade de saber se o senhor Alberto, dono da mercearia, era casado com uma viúva, pois ele tinha um sotaque diferente, que misturava português e castelhano. Um dia descobriram que ele era argentino e ficaram frustrados.
– E se quando começar a chover em um dia de sol, não houver nenhuma viúva solteira? – pergunta alguém na roda de amigos.
Êpa, vale um viúvo casar com uma espanhola? – dispara outro.
– E se o espanhol for viúvo, como faz? – pergunta uma das meninas, deixando todos pensativos.
Sentados na calçada em frente à casa de Maristela, pelo menos uma dúzia de meninos e meninas discutem as possibilidades para esse enigma.
– Mas será que se você ficar viúva, só vai poder casar com um espanhol? E se você morar em um lugar onde não chove? Vai morrer viúva? – pergunta a menina.
Todos fazem cara de paisagem*, pois não sabem responder.
O assunto vai mudando, mas invariavelmente volta para a questão do casamento, até que Maristela, muito atormentada pelas dúvidas, toma uma decisão:
– Vou perguntar para a minha mãe!
Os amigos aplaudem e a incentivam a ir imediatamente.
A menina não se faz de rogada.
Levanta-se e entra na casa.
– Mãe?
A jovem senhora está lavando a louça do almoço e apenas levanta os olhos e sorri, esperando que a filha continue.
– Sabe quando está fazendo sol e começa a chover?
A mãe balança a cabeça positivamente.
– Pois é… Sempre que acontece isso, a senhora e a titia dizem que uma viúva está casando com um espanhol.
Sabendo que lá vem pergunta difícil, a mãe fecha a torneira, seca as mãos e dá toda a atenção para a filha.
– Então… É verdade? Sempre que chove e faz sol, uma viúva se casa com um espanhol?
Dona Liliane não percebe, mas a turminha toda está pendurada na janela, fazendo força para ouvir a conversa.
Caindo na gargalhada, a mãe passa a mão na cabeça da filha e diz, antes de sair:
– Que imaginação amorzinho…
Inconformada com a resposta que a deixou mais confusa ainda, a menina acena para os amigos e vai atrás da mãe.
– Mãe, você não me respondeu…
Dona Liliane acha que a menina está brincando com ela e como está muito atarefada, ralha com a menina:
– Isso é assunto? Me deixa trabalhar, pois tenho muita coisa para fazer hoje! Vá brincar com seus amigos!
Mal volta para a rua e os amigos a cercam.
– E aí? Conta! Queremos os detalhes… – intimam.
– Nada… Ela não confirmou, nem desmentiu. Fiquei na mesma – reclama nossa amiguinha.
A criançada faz cara de triste, menos Paulinho que diz sério:
– Esse é um mistério que os adultos não querem que seja esclarecido… Eles nos escondem a verdade…
– Também acho! Mas, por quê? – questiona Abigail.
Ninguém diz nada e todos voltam a se sentar, pensativos.
Maristela faz bico e promete para si:
– Um dia… Ah um dia… Eu descubro a verdade…

* Faz-se cara de paisagem quando a pessoa finge que o assunto não é com ela ou que não entendeu.

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